Para ler uma crônica
A Prática de dar
esmolas
Quando saiu pelas ruas a caminhar indo ou vindo do trabalho,
sempre me deparo com cenas deprimentes. Pessoas jogadas ao chão, feito sacos de
lixo ou fruta podre. Algumas são reflexos de políticas econômicas que atendem
apenas às grandes transnacionais. Outras, o resultado imediato da mendicância
provocada pelas drogas, tão crescente no seio das famílias mundo afora. Nestes
momentos resta apenas meditar. Então, recordo de tempos difíceis solto um
resmungo e retomo meus pensamentos, não consigo entender, tanto desprezo das
pessoas apressadas que nem percebem o irmão em dificuldade. É nestas horas, que
nota-se o quanto somos ridículos. Prepotentes mesmo.
“Dá-me um real aí tio?” - A pergunta é
sempre a mesma. Penetra bem no íntimo das pessoas. Mas, da mesma forma que
chega, vai embora, em meio ao frenético ritmo da vida. E aquela moeda, incomoda
mais é o desprezo dos menos afortunados. Todos passam e não deixam nenhum
trocado para os pobres diabos.
Agora, tenho de confessar que também eu,
nem sempre consigo meter a mão no bolso e ofertar o metal tão desejado pela
gente da rua. Tento me penitenciar, mas tenho medo. Procuro esquecer, ou
melhor, nem lembrar as notícias que acompanhei na televisão na noite anterior.
Tudo é sempre igual. Favores, dinheiro por dentro das roupas, roubalheira
generalizada. E o povo comum. Trabalhando e fugindo das pessoas, como se
estivesse a fugir do próprio mundo. Que lástima!
Aí, em um ato rápido e simples coloco a
mão no bolso e retiro aquela moedinha que sobrou do café de padaria e ofereço para
um destes jogados à própria sorte (que sorte?).
Depois de ouvir, “Deus te abençoe”. Sigo a passos largos, rumo ao meu
destino. Talvez, nunca consiga tudo o que almejo. Mas, certamente, um já
consegui. Aliviei um pouco a vida destes remedos de gente. A caminhada será sim
bem melhor e mais leve.
By Daniel Sérgio
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