O Sociólogo das ruas
"Vamos tomar um café?" A pergunta era sempre dita quando ele encontrava algum amigo. Na padaria, nos bares, aonde ele entre uma e outra cerveja proferia suas teses. As palavras tão difíceis. Quase ninguém entendia. Lá estava ele. Adentrando as madrugadas, com suas teorias polêmicas sobre homossexualismo, ou patologia, como costuma dizer. Difícil não lembrar da sua figura. Paletó xadrez, meio amassado. Um cigarro depois de outro. Claro café. Muito café. Dizia ele, ao balconista: "Café com perdulária". Uma crônica para "o sociólogo das ruas". A região do cento de Jundiaí, no interior paulista. Nunca foi a mesma depois da notícia de sua morte. O seu desaparecimento, anunciado pelo locutor Afonso Pereira, no boletim das notícias fúnebres. Foi, talvez, o fecho simplório, como ele era. O dia era vinte e oito de maio. O ano dois mil e quatro. No velório, que fora realizado de forma rápida. Apenas uma p...